domingo, 18 de setembro de 2011

Busca do ter e a perda do ser

                Inevitável olhar para trás e não sentir uma vontade, nem que por um segundo, de entrar em um túnel do tempo para viver em outra época e ser de outra geração. Seria um método eficaz de cultivar o respeito aos costumes e ao modo de vida de nossos antepassados. Porém, túnel do tempo é fruto de imaginação, e a do jovem atual já foi decapitada.
                Em meio a tanta tecnologia e novos métodos de entretenimento do que vale a sensação de olhar para uma estrela no céu e sonhar? O preço da vida foi codificado em roupas de grifes e em eletrodomésticos de ultima geração. Sonhos nascem e acabam por morrer em um travesseiro. Por conseqüência a qualidade de vida torna-se limitada a quatro paredes. Materialismo exacerbado, individualizador de seres humanos e divisor de classes sociais. Umas casas com tanto e outras com tão pouco. Teto para morar a maioria tem, porém uma família para conviver e para se entender o valor de viver são para os poucos privilegiados que ainda não se deixaram entregar às deficiências da pós-modernidade, onde ter virou sinônimo de ser.
                Abruptas mudanças para abruptos corações. Deixamo-nos levar pelas propagandas, abrindo nossas casas ao luxo e preenchendo nosso corpo de futilidades dispensáveis. Fones de ouvidos não substituem o barulho do mar e uma amizade virtual subestima o valor do olhar sincero. É preciso ler a bula da vida para entender que ceder ao valor material tem suas dores colaterais. Essa dor pode aparecer em enes formas, como o de nunca viver um amor verdade ou de nunca sentir o gosto de uma comida acompanhada ao diálogo familiar. A mente acaba por ficar fragilizada, vulnerável a doenças psíquicas. Respiramos ao ar de indústrias espalhadas por todo o canto, vivemos em torno do ter, e dormimos ao som de uma tv.
                A busca da felicidade, no passado, estava contida em momentos simples que industrias não fabricavam e famílias cultivavam na humildade e no amor. Toda geração carrega consigo a sua bagagem. Mas, pera lá, será que nós jovens estamos construindo alguma bagagem para carregar? Ou estamos vivendo a base do recarregar a bateria de nootbooks, celulares e ipod's? A verdade é que tudo isso, um dia, acaba por ser descartado. Já os sentimentos e pequenas coisas da vida, as quais as mães e os avôs adoram relembrar, esses, sempre que sinceros permanecem por uma vida inteira, ultrapassam gerações e adquirem o significado de eternos.

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